Na verdade, não é Isa, é Izilda. Em casa era Izildinha, Zirda, Zirdinha, e até mesmo Negoriguim, apelido carinhoso dado por meu irmão. Nasci em Monte Alto, SP, de família originária da região de Matão, uma mistura de português, italiano, mineiro e índio – ou bugre, modo grotesco usado em casa como referência ao meu jeito rebelde e à minha paixão por andar descalça e fuçar na terra. “Essa aí precisa ser pega a laço, que nem a bisavó”. Doía ouvir falarem assim, porque o meu lado índio é aquele com o que mais me identifico, que me faz sentir pertencente à terra, integrada a ela, e era triste saber que a velha bisa, mirradinha e de poucas palavras, que morreu com 104 anos, trazia essa marca. Não ela, mas a sua mãe, foi capturada a laço na invasão de territórios indígenas entre Araraquara e Matão. Ela também foi levada, mas ainda era um bebê e foi adotada pelos brancos que escravizaram a sua mãe.
E quando percebia que me chamar de bugre não me afetava, minha mãe apelava para o “outro lado ruim” da família, me chamando de “calabresa teimosa que nem a avó!”. Mas, a selvageria bugre ou a teimosia calabresa se referia apenas ao fato de eu ter decidido que não cumpriria o destino escrito para mim: trabalhar na lavoura ou como empregada doméstica ( o que fiz por vários anos, começando aos dez). Na verdade, eu trazia nas veias o dom da contação de histórias e, embora eu não tenha conhecido e não saiba quase nada sobre meu avô Justiniano, um mineiro preto, que morreu quando meu pai ainda era pequeno, pode ser que venha dele esse meu lado, porque gente boa pra contar causos que nem mineiro ainda tá pra nascer! Do avô português restam uns heterônimos espalhados por aí…
Bem, esta é a minha origem. Filha de Aparecido e Olívia, que descasaram quando eu tinha oito anos, e irmã de José Carlos, Joaquim, Maria Aparecida e Dalva, que virou estrela muito antes de eu nascer e foi brilhar na aurora da manhã. asci em 1965, no dia 6 de janeiro, dia de Santos Reis, e por anos tive pavor da Folia de Reis, que todos os anos visitava a nossa casa, com a bandeira do Divino e máscaras de dar medo até no bicho papão! Mas, minha mãe garantia que a festa era por causa do meu aniversário. Até hoje isso me traz grande emoção.
Casei, descasei, rezei, investi e se há sorte, eu não sei, mas nunca desisti. Trabalhei como repórter em jornais do interior e no Estadão. Depois, fui para o Metrô, onde fiquei por oito anos e foi o emprego que mais deixou saudade. Contrariando a tendência literária, prestei concurso para a Caixa Econômica Federal, onde fiquei por 17 anos, até me aposentar.
Por teimosia bugre ou calabresa, sou formada em Letras pela USP, onde entrei aos 40 anos, e fiz pós-graduação em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário Senac. Escrevi vários livros como ghost writer, e publiquei dois livros autorais “Elogio à loucura”, romance, e “O chapéu de Alberto”, contos.
Moro em Mogi Guaçu, SP, onde hoje vivo na companhia de Henrique Campos, grande amor da minha vida; Jericó, Pretinha, Caetano, Tonico, Chico, Zeca e Gal, nossos cachorrinhos queridos e Touché e Margarida, nossos jabutis.
Bem, não sei dizer se escrevo para viver ou se vivo para escrever… Enfim, esta sou eu, com pouca síntese e muito alongamento. Mais substantivos que predicados, relativamente verbal, com alguma coerência e suficiente coesão. O mais, é poesia mesmo.
O Chapéu de Alberto, segundo livro da escritora Isa Oliveira, é composto por vinte e um contos, em sua maioria inspirados em fatos reais, ocorrências do dia a dia, acontecimentos bizarros, divertidos, curiosos. É um livro que diverte e, ao mesmo tempo, emociona. Alguns contos são leves, de leitura fácil, outros mais densos, levando o leitor a refletir sobre os próprios valores, sobre a desiguald
Saiba maisO que fazer quando você ou uma pessoa que você ama recebe um diagnóstico de câncer? Chorar, se revoltar, desistir? Elogio à loucura aborda esse desafio ao contar a história de uma mulher solitária e amarga que, na véspera de seu aniversário, recebe a notícia de que está com um câncer em estágio avançado e compra um vinho caro para comemorar que, finalmente, vai morrer. Bêbada, decide escrever um
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