MANIFESTAÇÃO PARADOXAL
Ó povo,
nossa manifestação
parece vontade
de justiça, mas é
vontade de purga.
Ó povo, peço,
escutai meu poema.
Ó povo,
nossa manifestação
parece festa
de protesto, mas é
festa de massacre.
Ó povo, peço,
leidei meu poema.
Ó povo,
nossa manifestação
parece plano
de mudança, mas é
plano de confronto.
Ó povo, peço,
observai meu poema.
Ó povo,
nossa manifestação
parece travão
da violência,
mas é volante
para a turbulência.
Ó povo, peço,
cantai meu poema.
Ó povo,
ó povo,
ó povo,
ó povo,
saibai dos dilemas
dessa marcha,
por favor, ó povo meu!
Ó juventude minha,
ó irmandade minha;
ó sistema:
ó remorso
sem
remorso,
ó Angola minha.
É inútil civil matar civil,
é desamor sangrar seu sangue.
Cidadão não mata cidadão.
Povo salva povo,
cidadão abraça cidadão.
Sei, sei, sei.
Não há política pura.
Nem cá no país.
Nem lá afora.
E nem fome com cura.
Mas escrevo-vos estes versos,
para que saibais
que não tendes razão,
vós, os que matastes,
os que roubastes
e os que demolistes,
em nome da pátria.
Por: Nelson Emílio
Luanda, 14 de julho de 2025