Sou Marie Luar — ou talvez uma versão de mim que ganhou coragem para escrever com a alma à mostra.
Sou franco-brasileira, nascida em São Paulo no fim dos anos 70. Filha de mãe brasileira e pai francês, cresci entre duas línguas, duas culturas e muitos silêncios. Desde muito nova, encontrei nas palavras um abrigo — escrevia em cadernos escondidos, guardava cartas que nunca enviei, e transformava dores em linhas que, de alguma forma, me faziam continuar.
Hoje, aos 52 anos, divorciada, sem filhos, mas cheia de memórias e aprendizados, escrevo com a firmeza de quem já caiu muitas vezes — e com a delicadeza de quem aprendeu a se levantar devagar. Eu não escrevo para ser lida por todos. Escrevo para encontrar quem, assim como eu, já se perdeu tentando ser o que esperavam.
Minhas palavras nascem da vivência. Escrevo sobre recomeços tardios, limites aprendidos na dor, amor-próprio que floresceu depois de muitas noites mal dormidas. Chamo isso de literatura do retorno — uma escrita que não quer ser perfeita, só verdadeira.
Morei em cidades grandes, vivi em vilarejos pequenos da França, mas foi dentro de mim que encontrei o território mais difícil de habitar: eu mesma. E foi ali que decidi ficar.
“Do Caos à Clareza” é meu livro mais íntimo. Escrevi cada capítulo com pedaços de mim que antes eu não sabia nomear. Hoje sei: era dor que virou palavra. E palavra que virou cura.
Quando não estou escrevendo, gosto de caminhar ao entardecer, cuidar das minhas plantas e fazer café com as duas mãos — como quem realiza um ritual simples, mas cheio de sentido.
Se você me lê agora, saiba: não está sozinha.