Mariana Ribeiro

Tentei elaborar esboços para uma apresentação digna, mas todos eles se restringem a uma parte do que digo. Mas uma parte é muito pouco. Uma parte me restringe. Prefiro ser julgada pelo contexto, do que por uma frase tirada do lugar. Vocês bem sabem que frases tiradas do lugar podem fazer um grande estrago. As palavras tem dessas brincadeiras... elas zombam da nossa capacidade de interpretação. Eis aí outro perigo: talvez você interprete o oposto do que eu disse. Mas aí já não me diz respeito, pois não sou eu que controlo as palavras e, muito menos, seus olhos. O olhar tem dessas brincadeiras: muda as cores e sentidos daquilo que vemos, para serem mais parecidos com a gente do que com o que é de fato. Assim, me pergunto: como escrever uma apresentação se cada um vai ler sua própria mensagem? Mas ao mesmo tempo, estou eu aqui a escrever a bendita apresentação, também a meu modo. Talvez você me julgue pela foto, pela minha aparência, idade ou por essa apresentação imperfeita e, provavelmente, sem sentido. Eu tenho essa mania de falar demais e não falar nada. Acho que eu amo as palavras e utilizá-las é uma paixão e privilégio. A essa altura você provavelmente já constatou que realmente utilizo palavras demais. E que também não sei fazer apresentações.