Um pouco sobre mim
Em sua primeira obra: Ele amava o silêncio, mas era esquizofrênico, Daniel Alves, apresenta-se como um testemunho poético atravessado por dor, lucidez e sobrevivência. Desde a capa dividida entre o rosto e o circuito, o livro anuncia uma travessia entre humanidade e ruptura psíquica, entre sensibilidade e estigmatização. O leitor é conduzido por poemas que não pedem piedade, mas escuta. Versos como os de Sopro de esquizofrenia e Escuro inseguro confrontam a experiência do surto, das internações e da perda de autonomia sem ornamentos, com imagens diretas e uma linguagem que nasce do corpo ferido. Ao mesmo tempo, surgem fios de cuidado e pertença, sobretudo nas páginas dedicadas ao CAPS e à Comunidade Cultural Quilombaque, onde o autor nomeia pessoas, afetos e práticas que o sustentam. O livro afirma a saúde mental como território político e coletivo, deslocando a ideia de doença para a de relação, vínculo e criação. A poesia torna-se método de registro e de luta, e cada texto aparece como prova de existência, como inscrição contra a invisibilidade que o adoecimento tenta impor