Eu sou Cristina Siqueira.
Mãe, esposa, irmã, tia, madrinha, amiga... Mas também sou uma grande estudiosa e apaixonada por tudo que se refere à consciência, à mente, aos pensamentos, sentimentos, emoções, hábitos e comportamentos humanos. E hoje sou escritora, mentora e uma eterna aprendiz.
Por fora, sou uma mulher comum, mas por dentro, alguém que decidiu mudar tudo, de verdade.
Trabalhei por muitos anos na iniciativa privada, até conquistar um cargo público e atuar na segurança pública municipal por sete anos. Dois desses anos vivi na linha de frente da Patrulha Maria da Penha, um trabalho que me tocou profundamente. Mas também me inquietou.
Ali, entre ocorrências, relatos e silêncios dolorosos, compreendi algo essencial, que muitos não veem: a patrulha foi criada para proteger, sim, mas isso significa agir sobre o efeito, não sobre a causa.
No entanto, a violência não começa no momento do tapa ou do grito, ela começa muito antes. Ela nasce na dor não olhada e não curada, no vazio interno, na identidade fragmentada, no emocional ignorado, na insatisfação incompreendida, no medo que se cala para sobreviver. A raiz está lá atrás, onde ninguém costuma olhar.
Por isso, a verdadeira transformação não virá apenas das leis ou da presença policial. Ela começará quando formos capazes de conduzir o olhar para dentro, para as dores que antecedem a violência.
E só quando entendermos que é preciso curar o que vem antes do grito, do controle, da agressão, é que estaremos, de fato, tratando a causa e, talvez um dia, não seja mais necessário conter os efeitos.
Foi a partir dessa compreensão que percebi: para transformar os efeitos, precisamos ter coragem de encarar a causa. Olhar para a mulher que se perdeu de si mesma na dependência emocional, no silêncio que sufoca, na submissão que foi sendo ensinada desde a infância.
Mas olha que interessante e importante! Devemos também olhar para o homem, que se desconectou de seus valores e, sem perceber, expressa no outro a dor da criança ferida que ainda grita dentro dele.
Se continuarmos tentando curar uma ferida profunda a partir da superfície, ela apenas trocará uma casca por outra igual ou pior. Vai continuar o que chamam de, enxugar gelo, pois, a verdade é que não há como colocar uma viatura na casa de cada vítima, nem como vigiar cada agressor.
A raiz da violência está ali, onde ninguém costuma buscar: nas histórias não contadas, nas feridas não curadas, nos sentimentos ignorados.
E foi partir disso, que algo mudou em mim. Percebi que meu chamado era mais profundo. Que eu podia ir além da viatura, do uniforme, da estatística.
Que eu podia falar de dentro. Porque, sim, eu também vivi um relacionamento violento e abusivo. Eu também me perdi e precisei me reencontrar.
Essa experiência me deu não só autoridade, mas sensibilidade para escrever e ajudar.
Então em meu livro, não falo de fora, falo de dentro. E é exatamente por isso que escolhi mudar tudo.
Deixei o cargo público. Mergulhei nos estudos.
Sou formada em Letras, pós-graduada em Psicologia Positiva e atualmente estudo Neurociência — porque entendi que para mudar por fora, precisamos primeiro transformar por dentro.
Eu, Cristina Siqueira, acredito que só curamos algo quando tratamos a raiz.
E foi assim, tratando a minha, que transformei não só minha mente, mas minha vida. Meu mundo externo mudou, porque o meu mundo interno foi ressignificado.
Quanto mais estudo, mais entendo:
O amor, a felicidade, a abundância, o sucesso, tudo começa dentro.
A vida está em constante movimento, e nós também devemos estar.
Agora, minha missão é compartilhar o que me curou. Dividir o que me ajudou a me levantar, com quem talvez hoje precise de uma mão, de uma palavra, de uma compreensão, de uma luz. E para isso escolhi escrever, ir além das mensagens do Instagram.
Porque se eu consegui, outros também podem.
A transformação é possível. E ela começa com um passo: olhar para dentro de nós mesmos.