Desde criança, encontrei nas palavras uma forma de expressão mais viva que o próprio som. Me lembro de como adorava escrever os textos da escola com canetas coloridas — para mim, as cores davam vida às palavras. Eu exagerava no capricho, decorava o caderno com recortes, imagens impressas e coloridas, principalmente nas matérias que mais amava, como História e Geografia. Enquanto para alguns aquilo era apenas “responder questões”, para mim era um jeito de dar sentido àquilo que aprendia. Eu queria que tudo tivesse alma.
Na adolescência, meus sentimentos começaram a pedir passagem. Sempre fui uma garota intensamente apaixonada, e escrever se tornou a minha forma de nomear o que sentia, mesmo quando tudo parecia confuso. Eu copiava poesias, principalmente as românticas. Reouvia músicas, repensava letras. Tinha até um caderno onde minhas professoras e amigas deixavam mensagens — uma delas, da minha vó, guardo com carinho até hoje. É incrível como as palavras ultrapassam o tempo.
Durante muito tempo, achei que não tinha uma “voz própria”. Mas hoje, escrevendo estas linhas, percebo o quanto fui fiel a mim mesma desde o começo. As palavras que escrevo agora são extensões de quem sou. Elas escorrem pelos meus dedos como se fossem parte do meu corpo, da minha essência. Escrever é minha forma de entender, curar, refletir e encontrar respostas.
Como designer, sou solucionadora de problemas — e a palavra é minha ferramenta mais poderosa. Muitas vezes, quando algo acontece comigo, minhas amigas perguntam: “Você não precisa desabafar?”. A escrita, com o tempo, me trouxe a clareza imediata. Quando antes eu me perdia em lamentos, hoje escrevo e compreendo. É como se Deus tivesse me dado uma identidade através da palavra — um dom que, me disseram uma vez, é também um dom de cura.
E se é mesmo verdade que minha palavra cura, então sei que ela ultrapassa a dor, o instante e o corpo. Diferente de um soco, que só existe enquanto a dor da carne permanece, minha palavra toca onde nada mais alcança. E isso me enche de alegria.
E se dentro de cada um de nós existissem universos paralelos, onde realidades se cruzam, memórias se misturam e versões de quem somos coexistem? Neste livro, a autora Camila Paixão convida o leitor a explorar essas camadas profundas da mente, onde a névoa do passado e do presente se encontra com vislumbres de futuros possíveis. Por meio de uma escrita sensível e poética, a narrativa percorre os c
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