
Sou Saulo.
Tenho 46 anos, moro no interior de Goiás (Itapaci, mais precisamente), mas carrego Recife-PE no corpo — no calor, no sal do ar, na forma como aprendi a resistir e a acolher.
Sou pai da Milena e da Sofia, minhas duas maiores professoras. Com elas aprendi que cuidar não é controlar, é estar. Que escutar é mais importante do que corrigir. Que amor, quando é verdadeiro, não morre com a distância.
Administro um projeto social ao lado de dois amigos de caminhada, Edson e Renato. Não é apenas um projeto que ensina jiu-jitsu: é território de encontro, abrigo possível, chão firme para quem cresce em terreno instável. Hoje, 160 crianças e adolescentes pisam naquele tatame, trazendo histórias, medos, sonhos e uma força que o mundo insiste em não ver.
Escrevo porque preciso organizar o que sinto.
Escrevo porque algumas lutas não cabem só no corpo.
Escrevo porque acredito que palavra também é cuidado.
Desse lugar, nasce o escritor: entre a paternidade, o compromisso social e a certeza de que ninguém deveria aprender a existir sozinho