Sou Fabiano da Conceição Santos, filho da Costa da Lagoa, território onde a terra guarda segredos antigos e o vento carrega a voz dos ancestrais.
Cresci entre raízes profundas e águas que ensinam a persistir, aprendendo com os mais velhos que cada passo é sagrado quando se caminha em nome do povo.
Foi no convívio com a lagoa, com a pesca artesanal, com a oralidade, com os rituais do cotidiano e com os ensinamentos transmitidos de geração em geração que aprendi a ler o mundo antes mesmo de aprender a ler as letras. Nossos saberes não estão apenas nos livros: vivem na memória, no corpo, no território e na palavra compartilhada.
Sou marido de Duana Netto de Oliveira Santos, companheira de jornada, mulher quilombola de saberes firmes e mãos que cuidam, força que caminha ao meu lado sustentando comigo os sonhos que plantamos no território, sempre guiados pela ancestralidade que nos antecede.
Sou pai de João Pedro e Sofia, herdeiros de uma história coletiva que pulsa forte no peito e floresce no olhar. Neles deposito a continuidade dos valores, da identidade e dos conhecimentos ancestrais que mantêm o quilombo vivo.
Como professor e educador popular, acredito que ensinar é semear liberdade, valorizar os saberes tradicionais, despertar consciência crítica e honrar os passos de quem lutou para que hoje pudéssemos aprender sem acorrentar o pensamento. Educar, para mim, é um ato de resistência e de afirmação cultural.
Minha missão nasce do quilombo e volta para ele: educo para fortalecer identidades, estudo para transformar realidades e luto para garantir que nossa memória, nossos modos de vida e nossos conhecimentos jamais sejam silenciados.
Sou também liderança comunitária, voz que ecoa em defesa do território, da cultura e dos direitos herdados dos que abriram caminho com coragem, trabalho coletivo e resistência.
No chão da Costa da Lagoa, reconheço cada nome, cada história, cada canto, cada prática cultural que nos mantém vivos e conectados aos nossos ancestrais.
Carrego o passado como guia, o presente como compromisso e o futuro como promessa.
Sou raiz, sou ponte, sou memória viva da minha comunidade.
E sigo, com fé e firmeza, honrando os saberes culturais e a ancestralidade que me sustentam — sempre caminhando com o quilombo dentro do coração.






















