Michele Porto

Michele Porto, 43 anos, nasceu em São Paulo e foi criada em Ferraz de Vasconcelos — território onde aprendeu, ainda menina, que histórias nascem das pequenas coisas: o cheiro da terra molhada, o silêncio das madrugadas e o rumor de vidas que se cruzam sem aviso. Caçula de dona Miriam e seu Crisanto, cresceu cercada por afeto simples e olhar atento; talvez por isso, desde antes de seus primeiros rabiscos, já carregasse uma sensibilidade rara e uma admiração profunda pela natureza.

O encantamento pelos livros despertou cedo, quase como uma revelação. Nas páginas que encontrava, Michele descobria mundos inteiros que cabiam dentro de uma mochila escolar, personagens que pareciam conversar com ela e perguntas que doíam bonito. A leitura virou refúgio, companhia, bússola — e, secretamente, o lugar onde ela aprendeu que também podia criar universos com suas próprias mãos.

No ensino médio, ganhou seu primeiro concurso de poesia — um reconhecimento precoce de algo que ela mesma só viria entender anos depois: as palavras seriam sempre o seu lugar de retorno. O presente decisivo veio das mãos de sua mãe: um diário. A partir dali, Michele nunca mais deixou de escrever. Cada página foi abrindo um pouco mais de seu mundo interior, revelando essa mistura de força, delicadeza e verdade que hoje marca sua escrita.

Formada em Ciências Contábeis e atuante na área fiscal, ela aprendeu a equilibrar números durante o dia e estrelas durante a noite. Mãe do Natã, descobriu no amor materno um dos seus maiores motores criativos. Escreve porque precisa, porque transbordar é a única forma que conhece de permanecer inteira. Sua inspiração nasce do cotidiano, de memórias que insistem em voltar, de conversas silenciosas com o passado e, sobretudo, da certeza de que cada vida carrega seus próprios borrões — e suas próprias constelações.