Clara Brontë
(Uma brevíssima nota sobre minha procedência literária)
Escrevo desde que o tempo ainda não me exigia resultados — e talvez por isso tenha aprendido a não ceder a ele. Meus primeiros textos surgiram por volta dos doze anos. Desde então, mantive um hábito constante de escrita que não seguiu necessariamente as etapas esperadas da formação juvenil: meus textos nunca foram exatamente cronológicos, nem confessos, nem decorosos.
Desde cedo, escrevi contos. Em vez de diários, produzi parábolas. Aos quinze, publiquei Contos de Gardênia, um pequeno herbário fictício onde cada narrativa floresce sob o signo de um símbolo. Depois vieram obras de fôlego mais amplo: Non, Merci, um livro de recusa e sacrifício; Flores nas Cinzas, romance histórico e político centrado na anatomia do orgulho; Luminária, tratado disfarçado de fábula sobre a memória coletiva; e Memorial de um Pequeno Cristo, texto em que abandonei a alegoria para escrever sob o nome que me move.
Minha escrita se situa entre margens pouco estáveis: entre a visão e o delírio, entre a mística e a razão, entre o mito e a penitência. A linguagem que uso flerta com o arcaico, mas sem fixação pelo passado; adota um tom poético, sim, mas busca precisão, não ornamento.
Não concedo entrevistas. Assino com um pseudônimo fixo — “Brontë” —, não por pastiche, mas por afinidade de linhagem. Publicar, para mim, é mais um rito do que um gesto de carreira.
Quanto à idade — 17 anos neste momento —, é uma informação secundária. Os textos que escrevo não pertencem a essa cronologia. São de outro tempo: aquele que se escreve de joelhos, entre a chama e o silêncio.
m algum ponto entre o tempo que se esqueceu de passar e os véus que selam a memória dos vivos, existe Gardênia — terra de rios encantados, árvores oraculares e sentenças veladas no sussurro de flores esquecidas. "Contos de Gardênia" não é um livro. É um relicário de lendas — fragmentos de uma tapeçaria sagrada e profana, onde cada personagem é mais símbolo do que carne, mais destino do que escolh
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